Muito além da influência
Com mais de 150 mil seguidores no Instagram, a geriatra Thaís Miranda faz sucesso nas redes sociais respondendo perguntas do público e trazendo informação com embasamento científico
Lilian Liang

Thaís Miranda
Geriatra e criadora do perfil @drathaisgeriatra
Quando terminou a faculdade de medicina, a paranaense Thaís Miranda ainda não sabia em que área gostaria de fazer residência. Cirurgia? Não. Estética? Também não. Restou-lhe apenas a clínica médica, que cursou por dois anos até se ver diante de uma nova decisão: qual especialidade na clínica médica gostaria de seguir.
Thaís se lembra de gostar de todos os ambulatórios de especialidades por que passou, até que um professor, diante de seu impasse, sugeriu a geriatria. “Quando ele me falou aquilo, eu me senti até ofendida. Eu tinha uma visão muito errada da geriatria porque, durante a faculdade, tive contato com profissionais que se intitulavam geriatras, mas não eram formados em geriatria, e faziam uma medicina que não é a medicina em que eu acredito”, lembra. “Quando o professor notou minha reação, me respondeu: ‘Eu acho que você não sabe o que é geriatria’.”
A jovem médica buscou se informar melhor e acabou se apaixonando pela especialidade. Fez a residência em geriatria na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sob a batuta de grandes nomes da área. “Foram anos maravilhosos, com pessoas incríveis que são meus mestres, meus mentores, meus amigos até hoje”, conta, saudosa.
Quinze anos depois, Thaís é uma das geriatras brasileiras mais influentes nas redes sociais. Com mais de 150 mil seguidores no Instagram, seu feed é recheado de vídeos respondendo perguntas enviadas pelo público, a grande maioria sobre demências. Alguns de seus conteúdos chegaram a 3 milhões de visualizações.
A geriatra acredita que as redes sociais podem ser uma importante ferramenta de educação do público e por isso incentiva até seus colegas mais tímidos a terem um canal ou um perfil onde possam disseminar informações de qualidade. “Eu vejo a comunicação no mundo digital como um avanço inexplicável. É muito interessante quanto nós, mesmo estando muito distantes daquela pessoa e sem conhecer sua realidade, podemos fazer a diferença com uma informação que pode ser muito simples”, diz.
Segundo Thaís, a presença nas redes sociais também pode ser benéfica para os próprios profissionais de saúde, que já começam a criar uma conexão com seus pacientes antes mesmo da consulta. “A rede social virou um cartão de visitas digital. Então hoje você já pode não só saber o nome, mas quem é esse [profissional]. Como ela fala, como ela se expõe, qual o seu conhecimento. A consulta começa no momento em que o paciente te encontra na rede social. É um fenômeno muito interessante”, explica.
Acompanhe abaixo os principais trechos da entrevista.
Aptare – Como foi seu início no mundo digital, em especial das redes sociais?
Thaís – Eu sou uma médica geriatra que atende num consultório particular e comecei a perceber as demandas das famílias que me procuravam para aconselhamento. Não era uma consulta ou uma opinião sobre um remédio, mas uma orientação do que fazer, de como cuidar. Percebi que as demandas eram muito semelhantes entre si e comecei a entender que o digital era um caminho para disseminar a informação até para pessoas que não pudessem vir ao meu consultório ou que não tivessem acesso a algum geriatra. A gente sabe que, infelizmente, o nosso país é muito carente de geriatras, apesar do envelhecimento populacional ser galopante. Existem regiões com pouquíssimos profissionais. Então pensei: por que não usar o digital? Usar as redes sociais para disseminar esse tipo de informação? E aí comecei a gravar vídeos de uma forma totalmente amadora, abordando temas que eram comuns no no meu dia a dia. Quando eu comecei a abrir oportunidade para as pessoas mandarem suas questões, aí veio uma avalanche de perguntas. Isso acontece até hoje e eu percebo quanto conseguimos atingir de fato as pessoas por esse caminho. Eu vejo a comunicação no mundo digital como um avanço inexplicável. É muito interessante quanto nós, mesmo estando muito distantes daquela pessoa e sem conhecer sua realidade, podemos fazer a diferença com uma informação que pode ser muito simples.
Aptare – No começo, suas publicações eram mais estáticas e abordavam uma variedade maior de temas. Hoje, grande parte do seu conteúdo é formado por vídeos respondendo perguntas sobre demência. Como você foi mudando a comunicação ao longo do tempo?
Thaís – Eu comecei a perceber que nessa comunicação digital existe a necessidade de uma identificação com a pessoa. Apesar de estarmos falando nós duas aqui, através de um computador, eu estou olhando para você [a entrevista foi feita por Zoom]. Eu percebo você. Essa nossa conexão é muito importante. Seria muito diferente se eu estivesse lendo um texto que você escreveu. Você poderia ter escrito as mesmas palavras que está me dizendo, mas elas não me tocariam da mesma forma. Percebi que o que as pessoas buscavam era isso: ter esse elo, ainda que digitalmente. A identificação é a concretização dessa comunicação. Ela era muito mais eficaz. No começo, eu pensava “Vou comunicar sobre a doença tal” e escrevia um texto. Ninguém via, ninguém comentava. Não existia engajamento. Quando eu passei a transformar aquela informação em vídeo – mais ainda, quando eu respondi a pergunta de alguém sobre aquele assunto – deu o clique, porque aí a pessoa se identificou. São duas pessoas falando: eu e aquela pessoa que perguntou. E eu consegui resolver a dúvida dela. Ela não quer um texto acadêmico sobre Parkinson. Ela quer saber o que que está acontecendo com o pai dela, que está com a mão tremendo. Então é um jeito mais próximo da gente conseguir concretizar essa linguagem.
Sobre falar mais sobre demência: você sabe que volta e meia eu recebo alguma mensagem dizendo “Pôxa, mas você só fala de demência! Você não vai falar de outros temas?”. Como eu optei por responder as perguntas dos seguidores, meu conteúdo depende do que chega para mim. Acabou calhando que alguns vídeos meus sobre demência viralizaram, então atraiu realmente esse público. Então, como a maioria dos meus seguidores são pessoas que têm alguma pessoa idosa em casa, portadora de algum tipo de demência, é essa a demanda maior. Mas se alguém me perguntar sobre outros assuntos na geriatria que eu souber responder, aí eu respondo também.
Aptare – Que tipo de conteúdo é mais procurado por seus seguidores? Um vídeo com dicas para lidar com alterações de comportamento tem mais apelo que um vídeo com novidades em medicamentos, por exemplo?
Thaís – Eu sou uma médica alopata. Fui treinada para prescrever remédios. Mas o que eu percebo na minha prática profissional é que o remédio é uma parte, mas existem muitas outras partes do cuidado e é isso que faz a diferença. Porque dar o remédio, a família vai dar, porque ela está buscando uma melhora. Mas o que que ela faz na hora que a batata está assando? Na hora do apuro? Eu acho que nesse contexto a gente tem muito a oferecer. E também eu tive uma questão familiar. Minha avó materna, que faleceu no ano passado, conviveu 25 anos com a doença de Alzheimer e minha mãe era cuidadora dela. Então eu tive isso na minha casa. Então, muitas das dificuldades que os pacientes enfrentam, que as famílias enfrentam, eu enfrentei como filha de uma cuidadora, como neta de uma paciente. Então eu também me identifico com esses temas, com essas questões, porque eu vivi isso na minha pele.
Aptare – Mais de quatro anos depois, não só seus conteúdos, mas até mesmo você foi se profissionalizando nos vídeos. Como isso aconteceu?
Thaís – Foi um amadurecimento, né? Eu gravava sem equipe nenhuma, sozinha, com meu celular. Editava no editor de vídeos que eu baixei da Internet fazia uma coisa totalmente amadora. Gravava no carro levando meu filho pra escola, chegando no consultório, aqueles minutinhos ali do dia-a-dia. Agora eu tenho uma equipe que me ajuda, filmando com uma qualidade melhor, com uma câmera profissional. Eu dedico um período da minha semana para isso, então de fato é um empenho. Mas – e é até interessante falar isso – até a minha realização profissional foi catapultada depois desse mundo digital. Fico muito satisfeita quando recebo mensagens de agradecimento, dizendo “Puxa, eu fiz aquilo que você falou e deu certo. Muito obrigada. Que Deus te abençoe”. Eu recebo essas palavras com tanto afeto! Minha satisfação profissional melhorou demais.
Mas a Internet é um mundo estranho, né? Eu ainda estou me adaptando a ela. Porque também tem os comentários maldosos, os haters. Eu tenho um canal aberto para falarmos de idosos doentes com material absolutamente gratuito. Agora eu até tenho alguns infoprodutos para pessoas que querem se aprofundar, mas para quem não quiser comprar, meu canal é gratuito, e mesmo assim eu recebo comentários maldosos. A internet é um reflexo da sociedade. Acho que temos sérios problemas de relacionamento que acabam sangrando mais ainda no digital. Às vezes uma pessoa assistiu um vídeo que, de forma totalmente não intencional, tocou numa dor dela e ela se vê com vontade de expor essa dor ao mundo de uma maneira torta, que é ofendendo alguém. Então, infelizmente, eu recebo ainda hoje mensagens que são indigestas.
No começo eu me ofendia. Falando a verdade, eu quase fechei o canal nas primeiras mensagens que recebi, porque me sentia exposta e vulnerável. Mas outros médicos que também estão no digital me disseram “Continua, porque essas pessoas são pontos isolados”. Agora eu aprendi a me virar. Então, ou eu bloqueio ou restrinjo a pessoa para que ela não fique tumultuando ali. Mas é uma gama imensa de comentários atacando o meu conhecimento. Mensagens falando “Você está errada”, palavras ofensivas falando da minha aparência ou do quadro que está torto no meu consultório. Às vezes um seguidor se sente à vontade para expor uma questão pessoal ali num comentário e uma outra pessoa é contrária a opinião dela e elas começam num debate entre si.
Eu até gosto quando eu recebo um comentário falando “Puxa, na minha casa é diferente”, assim eu aprendo também. Às vezes o seguidor traz nuances em que eu não tinha pensado ou que eu nunca vivi com pacientes. O que eu não tolero é desrespeito e ofensa. Quando nós pensamos diferente, mas conseguimos conversar, todo mundo cresce. Agora, quando alguém se acha no direito de denegrir a imagem de outra pessoa, de menosprezar, de diminuir, o diálogo se encerra. Aí eu acabo tendo que apagar os comentários para não expor as outras pessoas. Dessa forma, eu tento criar um ambiente seguro, onde todos se sintam pertencentes. E eu acho tão bonito uma pessoa conversar com a outra e elas se identificarem! É como se a gente estivesse num grande grupo de cuidadores trocando experiências. Eu fico até emocionada.
Mas o que eu recebo de mensagens de agradecimento e boas vibrações é realmente muito maior do que os comentários de haters. Isso que me motiva mais. É um momento e um espaço em que podemos abusar da democracia, falando a nossa opinião de forma muito respeitosa e ouvindo a do outro.
Aptare – Você poderia citar exemplos de conteúdos que viralizaram?
Thaís – Eu tenho um vídeo que atingiu 3 milhões de visualizações e dois outros vídeos que chegaram a 2 milhões de visualizações. Eram vídeos de demência.
Num dos vídeos eu falo sobre o delírio que o paciente com demência tem de ir embora para casa. Eu vivo isso diariamente na minha prática profissional e é extremamente angustiante para as famílias viverem esse tipo de ideia delirante do paciente. O remédio dificilmente controla esse tipo de ideia delirante. Naquele vídeo, eu dei algumas estratégias que as famílias podem fazer para amenizar esse sofrimento do paciente e delas. O outro vídeo foi sobre o que fazer quando o paciente fica muito repetitivo, que também é muito desgastante para as famílias. E o outro vídeo trazia dicas sobre o banho, porque pessoas com demência têm muita resistência ao banho.
É muita gente atingida por esses vídeos, é impressionante. Eu sinceramente fiquei assustada, porque eu não estou fazendo dancinha, eu não estou de biquíni, meu cabelo é curto, eu não sou carregada de maquiagem. Isso me fez ver que Não é só de dancinha que vive a Internet. As pessoas precisasm de informação e buscam coisas sérias. Eu acho que é assim que vamos descobrir os caminhos que vinculam mais. Isso também é um aprendizado para mim. É um mercado muito dinâmico. O que funcionava no marketing digital há cinco anos não funciona mais hoje. A velocidade das mudanças nesse contexto é avassaladora.
Aptare – Será que a presença nas redes sociais será cada vez mais imprescindível na prática do profissional de saúde?
Thaís – Eu acredito que sim. Veja, eu tenho 20 anos de formada e sou geriatra há pouco mais de 15 anos. O modo como eu fazia o meu marketing, quando eu iniciei o meu consultório, era um cartãozinho de visita impresso. Quando terminei minha residência em São Paulo e voltei para Maringá, visitei colegas e levei o meu cartãozinho. “Olha, eu sou geriatra, estou voltando para a cidade, conte com a minha ajuda”. Hoje é inimaginável um médico se posicionar dessa forma, porque a rede social virou um cartão de visitas digital. Então hoje você já pode não só saber o nome, mas quem é essa pessoa. Como ela fala, como ela se expõe, qual o seu conhecimento. A consulta começa no momento em que o paciente te encontra na rede social. É um fenômeno muito interessante. Depois que eu comecei a ter uma entrada maior na rede social, muitas pessoas que chegam até mim vieram pelo Instagram. E aí eles já chegam me conhecendo. Quando eu abro a porta, ele já já sabe algo sobre mim. Ele já aprendeu alguma coisa nos vídeos, nos textos. Ele chega inclusive com uma ideia mais amadurecida de por que está me procurando. Porque muitas vezes o paciente vai ao geriatra e diz “Ah, não sei, eu fiz 60 anos e vim aqui porque… não é aqui o geriatra?”. Então ele não sabe muito bem o que está fazendo lá e é uma dificuldade para nós, médicos, identificarmos qual foi a chave, o que o motivou a ligar, marcar consulta e sentar ali na minha frente. Hoje acontece muito menos de chegar um paciente que não sabe muito bem o que que eu faço. Ele já sabe o que é uma consulta geriátrica e sabe qual é o meu estilo.
Com a rede social, o paciente pode inclusive já começar a ter algum grau de afinidade porque querendo ou não, uma consulta médica nada mais é do que relacionamento entre duas pessoas que podem ou não desenvolver uma afinidade. Então isso é bom porque o paciente já pode ter essa amostra antes de estar na consulta.
Aptare – Você tem hoje mais de 150 mil seguidores. Administrar um perfil desse porte é quase um segundo emprego, não?
Thaís – Sim, é um outro emprego. Minha equipe me ajuda nos infoprodutos, nas filmagens, na edição dos vídeos. Mas o gerenciamento dos comentários e das mensagens é feito por mim. Aí eu acabo tendo que ficar ligada toda hora, porque não posso deixar um comentário ofensivo horas no ar, porque muita gente vai ver. Então isso acaba sendo uma demanda de fato.
Mas parar mim, estar nas redes é muito bom até no sentido emocional. Eu me realizo profissionalmente através das redes sociais e por isso eu incentivo outros profissionais a terem canais. É diferente o modo como você atua em massa, ajudando pessoas em massa, às vezes com um conhecimento que para nós é simples, mas para quem assiste é um diferencial. Recentemente tive uma reunião com outros geriatras aqui do Paraná e disse “Gente, tenham canais, publiquem os seus conhecimentos”. As pessoas estão sedentas por conhecimento, sedentas e precisando. A gente precisa atuar e se posicionar. Não é só ficar reclamando que o fulano é picareta, que o outro quer extorquir dinheiro das pessoas. Cada um faz aquilo que tem condições de fazer. Então se a gente se propõe a um trabalho sério, por que não usar a rede social para isso?
Aptare – Você compartilha histórias pessoais nos seus vídeos?
Thaís – Isso é algo que eu preciso ir trabalhando em mim. Eu trago o conhecimento acadêmico recheado com a minha experiência, mas eu não digo isso “Olha, eu vivi isso”. Eu tenho uma certa dificuldade de expor minha vida pessoal no meu canal profissional. Você não vai ver ali no meu perfil fotos dos meus filhos, do meu esposo ou da minha casa, porque eu entendo que o meu foco ali é o profissional. Mas, de fato, eu acho que eu posso mesclar algumas coisas aí da minha própria trajetória como paciente, como família, até para enriquecer a conversa, porque é mais um elo de identificação. E, na verdade, somos todos humanos, aprendendo, tropeçando, evoluindo. Então não é porque eu sou médica que eu sei tudo. Muito pelo contrário. Eu dizia sempre para minha mãe nos embates mais difíceis: “Mãe, a senhora não imagina como que é mais fácil estar do lado de cá da mesa e eu lidar com o problema de uma outra pessoa. Aí eu dou uma opinião, faz isso, faz aquilo, faz aquilo outro. O duro é estar do lado de cá, ao lado do paciente. Isso é que é duro. Não é fácil, de fato.
Aptare – Como você avalia a atuação do Conselho Federal de Medicina sobre os conteúdos postados por médidos nas redes sociais?
Thaís – O CFM fez uma normativa bem recente sobre a posição dos médicos nas redes sociais. Na verdade foi uma atualização e a normativa acabou ficando até um pouco mais frouxa. Mas ele continua vetando a exposição do paciente. Existem algumas regras que precisam ser seguidas no sentido de preservar o sigilo médico. Eu não posso expor um paciente, mesmo que ele tenha que ele dê consentimento. Mas se eu tenho alguma informação para compartilhar, eu posso dar essa informação gravando um vídeo com uma postura séria, escrevendo um texto ou cantando uma música e dançando. Isso está liberado pelo CFM.
Eu vejo algumas camadas nessa análise. A primeira é o modo como o profissional se porta na rede e como ele deseja que o paciente o veja. Ele vai atrair um perfil de paciente que se identifica com isso. Será que o paciente vai num médico que faz isso? Quem é o paciente que vai atrás desse médico? Aqui não cabe nenhum tipo de julgamento meu. É simplesmente uma identificação.
A outra camada que eu gosto de pensar é o seguinte: você concorda que todos nós, na nossa vida geral, muitas vezes temos dificuldade de ser autênticos, porque a gente quer ser aceito, porque quer ter bons vínculos? Mas às vezes a nossa autenticidade custa um preço muito alto. Só que quando a gente consegue de fato ser autêntico, a gente toca a outra pessoa de uma forma muito mais profunda. Então, quando eu sou verdadeira na rede social, quando eu sou eu mesma, quando as pessoas olham para mim e realmente percebem que eu não estou fingindo, a minha comunicação é muito mais certeira. Então, eu penso que quanto mais autênticos formos, melhores serão as nossas relações, no pessoal e no digital. Vamos atrair pessoas que tenham afinidades com essa esse tipo de autenticidade. Eu gosto de pensar que nos aproximamos de outras pessoas de acordo com os valores que construímos. Existe nicho para todo mundo.
Aptare – Algum episódio nas redes sociais te marcou?
Thaís – A medicina é uma profissão muito mágica também, porque a gente aprende, né? Aprendemos muito todos os dias com a vida dos outros. O fato da pessoa chegar até mim e me contar algo da vida dela também é um aprendizado para minha vida, né? Quais foram as decisões que ela tomou? Eu tenho pacientes que estão comigo desde que eu comecei na geriatria. Hoje ela está com 98 anos, acho que nós estamos com 13 anos de acompanhamento. Eu vi mudanças na família dela, eu vi mudanças nela, eu vi mudanças no jeito dela. Então, isso é muito significativo para mim. Eu aprendo muito com isso e relatar o nosso aprendizado também é inspirador e motiva outras pessoas. Uma vez eu li um comentário de uma pessoa que me marcou bastante. Acho que o pai dela tinha falecido e ela me disse: “Seguir você e acompanhar os seus vídeos transformou os últimos meses de vida do meu pai, porque eu me transformei. A gente conseguiu transformar o cuidado com ele, então eu serei eternamente grata”. Essas palavras me tocaram profundamente. Eu não sei o que eu falei que teve tanto impacto. Talvez tenha sido um pouquinho que juntou com outro pouquinho de outras vivências dela e que a ajudou a construir essa rede de cuidados. Mas o fato de ela expressar isso é um é um gás, né? É uma motivação também para eu continuar.
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